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Quem dera os povos despertassem com consciência

E distinguissem a leveza da Paz, da dor da guerra...

Quem dera não houvesse mais necessidade

De mensageiros nem embaixadores da Paz...

Quem dera acabassem as manifestações

Tratados e canções pela Paz

Por ser a Paz, uma realidade...

Quem dera acabassem os interesses escusos,

Bélicos, frios que desabam em guerras...

 

Por que

Quem viveu uma guerra,

Mesmo que não tenha sangrado,

Saiu aos pedaços, dilacerado,

Jamais se esquece... Jamais apaga...

 

É uma viagem sem volta!

Um pedaço que fica,

Lembrança que martela,

Uma história obrigada a findar,

Um naco de alma que apodrece!

 

Ninguém sai inteiro,

Ninguém é mais “Alguém”!

Perdem a identidade, as raízes.

Demora-se a recuperar o brilho

A luz do olhar...

 

Eu,

Eu demorei uma vida inteira

Pra sair da escuridão,

Andei pela vida... Não vivi!

Fui como uma vela acesa

Que eu deixei arder...

 

O vazio de informações foi minha saída.

A ausência de lembranças me fortalecia...

E assim fui apagando um pedaço de minha vida...

 

Mas quando???

Quando é que nós, humanos, vamos entender

Que toda a guerra é uma inconcebível loucura?

Quando vamos tomar coragem e dizer NÃO???

 

Por acaso alguém consegue quantificar

O potencial humano que uma guerra joga fora???

Podem dizer que quantidade de órfãos, viúvas e mutilados,

Provocam a ganância de uma guerra?

Têm noção de quantas famílias se separam, se perdem,

Quantos sonhos destruídos e o mal que fazem a um país?

 

... e a mim, ainda uma menina,

Que chorei lágrimas amargas por ter sido separada

De minha família, de meus amigos, de minha história,

E nos perdermos dentro desta diáspora...

Perdendo-nos nessa insanidade que foi a guerra...???

 

Durante anos, além do vazio, senti revolta, mágoa,

Hoje consigo perdoar, consigo ter vontade de voltar.

Os grilhões que me prendiam à dor se quebraram,

Hoje sinto vontade de ajudar a recuperar meu país...

 

Por isso eu sempre digo:

 

Quem dera a palavra "guerra" virasse um filme histórico,

Uma palavra perdida num dicionário velho,

Ou uma passagem de nossos antepassados

Num livro de História Antiga...

 

Guidha Cappelo

2005

QUEM DERA...

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